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A vida passa - e você Vive? Saiba Como Viver bem!

  • Writer: João Gabriel Simões
    João Gabriel Simões
  • May 24, 2019
  • 4 min read

Updated: Jan 26, 2023

Que tipo de “vida” é essa que que só “vive” nos finais de semana e feriados? Que tipo de vida é essa que, se pudesse, aceleraria ou removeria os dias que antecedem o próximo capítulo da novela ou da série que deseja assistir? Que tipo de vida é essa que acostumou-se com migalhas, que aprendeu a jogar fora o “presente”, em prol de um futuro, que talvez nunca chegue. Que tipo de vida é essa que não reconhece a sua própria transitoriedade?


Pode-se dizer que é uma “vida incompleta”, que ainda não vive plenamente, que ainda não “nasceu” para si mesma. Lhe falta o “segundo nascimento”, tão mencionado nas tradições filosóficas e espirituais, isto é, o momento de regeneração psíquica e reposicionamento pessoal, por meio do qual, a “alma” passa a decidir, de forma mais livre e consciente, os próximos passos de sua jornada.





Como o tempo é "algo" sem corpo, como as pessoas não podem "pegá-lo" com as mãos, não o valorizam e, assim sendo, o tempo lhes escapa, como um "bem" de imenso valor que, em geral, só é percebido como tal, no final de suas vidas, ou diante de algum problema que as incapacite.


Como são comuns os casos de pessoas, em seus leitos de morte, que ao olharem para a vida que tiveram até então, percebem que não a viveram, mesmo que tenham obtido bens materiais e prestígio social. Estiveram ocupadas demais, perseguido desejos e se “alienando” em distrações e agora, prestes a passar para o “outro lado”, percebem, a despeito do tempo “desperdiçado”, que nem mesmo se conhecem. Seus mistérios permanecem insondáveis.


“Conhece-te a ti mesmo e conhecerás o universo e os deuses”. - Sócrates

Em geral, não é curto o tempo que temos, a vida é suficientemente longa para a realização dos maiores feitos, se ela for bem empregada. Quando a vida é gasta em “luxos” e dispersões, quando ela não é empregada em atividades e na aquisição de conhecimentos que ampliem as nossas possibilidades, então, constrangidos pela fatalidade, percebemos que ela já passou por nós sem que tivéssemos notado (SÊNECA, 2008).


Da mesma forma que não é só com argila que se faz uma linda escultura, não é só com o tempo que se faz uma boa vida. É preciso empregar bem esse tempo, ou seja, desenvolver uma “arte de viver”, que nos permita galgar todos os degraus do nosso desenvolvimento. Lembrando que a palavra desenvolver significa: “desenrolar”, ou seja, permitir a saída, o aparecimento de algo que estava tolhido.


O que seria, então, uma vida bem vivida?


De acordo com Sêneca (2008), em seu livro Sobre a "brevidade da vida", existir não é sinônimo de viver, pois há quem exista por diversas décadas sem nunca ter vivido, assim como, há quem viva plenamente, em um curto período de existência. Logo, a “boa vida” não se mede pela sua duração, mas sim, pelos seus “frutos”.


Viver implica no “desenvolvimento” de nossas possibilidades e envolve, basicamente, os seguintes princípios inferidos do livro citado acima:



1. Reconciliar-se com o próprio passado. O passado ninguém nos tira, é o reservatório de nossas experiências, já foi vivido e não pode ser mudado, embora, possa ser ressignificado. É próprio do sábio ser capaz de volver sobre si e percorrer todas as épocas de sua vida, de maneira a organizar as suas experiências anteriores e utilizá-las como suporte para construir seu futuro.


2. Foque no “presente” e evite entreter-se com expectativas. O futuro é incerto e a criação de expectativas desemboca em uma polarização, muito bem abordada por Espinosa (1992), de esperança e medo, dois lados da mesma moeda, que frequentemente, podem servir de instrumento de dominação nas mãos de terceiros. O sábio não suprime o medo, nem a esperança, porém, não se identifica com esses afetos, pois está aberto ao “mistério” do futuro, do que está por vir, quer seja isso bom ou ruim - é o amor ao destino dos latinos (amor fati). Sendo assim, ele vive cada momento com intensidade, pois sabe que num “piscar de olhos”, a vida pode dar, assim como, tirar. A “energia” mental que antes era gasta com expectativas, agora é utilizada para intensificar a sua presença e o contato com o “aqui e agora”.


3. Busque a sabedoria. Como disse aristóteles, o que difere o homem dos animais é o intelecto, que por sua vez, envolve não só a razão, como muitos pensam, mas também a intuição. Logo, desenvolver o intelecto é se “humanizar”. Nesse sentido, uma vida bem vivida é aquela que nos torna mais humanos, que nos conduz a sabedoria. E nada melhor para isso, do que se vincular a atmosfera dos conhecimentos legados pelos grandes sábios, tais como: Pitágoras; Platão; Lao Tse; Confúcio; Adi Shankara; Rumi; Dante, entre muitos outros.


Em síntese, os 3 princípios expostos acima convergem para uma espécie de “renascimento”. Como a fênix, pássaro da mitologia grega, se refaz das suas próprias cinzas, o ser humano, após enfrentar seu passado, aprender a “habitar” o presente e utilizar-se da sabedoria para constituir seu futuro - renasce da ignorância, aprende a viver e usar o tempo para "esculpir" uma vida “bela”, isto é, uma vida na qual possa “desenvolver” seus potenciais “adormecidos” e se realizar como ser humano.


Por: João Gabriel Simões, Psicólogo




Refêrencias:


SÊNECA. A brevidade da vida. Trad. Lúcia Sá Rebello, Ellen Itanajara Neves Vranas, Gabriel Nocchil Macedo. Porto Alegre, RS: L&PM, 2008.


ESPINOSA, B. (1992). Ética. Lisboa: Relógio d’Água

 
 
 

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“Aquele que olha para fora sonha. Mas o que olha para dentro acorda”

Carl Gustav Jung

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